quando o vento sopra longe a folha única,
quando o fogo consome sem piedade
e quando a terra sufoca-o para sempre.
Eis a hora certa!
Recomeçar.
Não está em nossas mãos o poder do esquecimento,
o lenço que enxugará as lágrimas de saudade,
a receita para restaurar o que fora consumido,
a bússola que guiará ao caminho certo
e a chave que abrirá a porta desse coração.
Recomeçar.
Esquecer a vida percorrida até agora,
sacudir a poeira e ir dois passos a frente,
não lembrar que houve um passado de tantos sonhos,
esquecer das noites frias, da cama e o corpo quente,
não lembrar dos banhos a dois e dos almoços de domingo,
esquecer das rosas e cravos travados a cada amanhecer,
não lembrar das águas que não voltarão a molhar a pele,
esquecer os sarros no escuro da madrugada,
não lembrar dos perfumes que serão deixados no antigo quarto,
esquecer o cheiro que persegue o olfato,
não lembrar do sorriso repleto de cinismo e vontades
e esquecer do último beijo.
Recomeçar.
Ailton Barros
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