Desde
o início da Operação Maurítia, desencadeada pelo Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Buriticupu, cidade
distante 380 quilômetros de São Luís, dez madeireiras foram desativadas pelo
órgão por usar madeira extraída de forma ilegal da Reserva Biológica do Gurupi
e das terras indígenas Arariboia, Alto Turiaçu, Caru e Awá.
Ao todo, durante os primeiros dez dias de operação,
o Ibama aplicou R$ 1,9 milhão em multas e apreendeu 3,2 mil metros cúbicos de
madeira irregular. O volume de madeira apreendida seria suficiente para encher
160 caminhões. Ao todo, 15 madeireiras das aproximadamente 30 instaladas na
cidade já foram fiscalizadas pelo Ibama. Em média, uma madeireira irregular é
desativada por dia em Buriticupu.
O número de madeireiras que foram fechadas no
Maranhão nestes dez dias, por exemplo, é igual à quantidade de empresas
irregulares no pólo madeireiro que funcionava de forma clandestina em Nova
Ipixuna (PA), onde morreu o casal José Cláudio e Maria do Espírito Santo em
maio deste ano.
Nestes primeiros dez dias de operação, também foram
flagrados 20 pontos de armazenamento de madeira nativa dentro da Reserva
Biológica do Gurupi. No local, foram encontradas madeiras nativas prontas para
serem comercializadas como louro, jatobá, maçaranduba, ipê e amarelão.
Durante as fiscalizações, até mesmo crianças e
adolescentes foram flagradas em situação de trabalho escravo, ganhando R$ 60
por mês. O número de crianças e adolescentes nessa situação, até o momento, não
foi divulgado. Ao todo, 130 homens do Ibama, da Polícia Federal, Força
Nacional, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Ministério
do Trabalho e Sistema de Proteção da Amazônia estão na cidade participando da
Operação Maurítia.
O Ibama, até o ano passado, não vinha cumprindo a
determinação da Justiça Federal alegando falta de funcionários na região. O
Ministério Público Federal do Maranhão também pede na Justiça a instalação de
uma base permanente do Ibama na área para intensificar a fiscalização sobre
essas madeireiras.
Luis Cardoso
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