Perguntou-lhe
o que acontecia em mais uma consulta de rotina. Ele falou de sua queixa com a mão
imposta sobre o peito.
- Perdi o
coração de amar. Por muito apanhar, ele não resistiu. Ficou o coração que bate.
Incapaz de machucar, mesmo se alimentando de sangue. Esse pedaço de carne
vermelha, veia, vaso, sanguíneo. Veja aqui doutor, minha doença cardíaca, vou
dizer trinta e três!
- Huuum,
não é sopro. Parece suspiro e ponte nenhuma resolve insuficiência de
carinho.
- Mas eu
sinto dor no peito e tenho ataques repentinos! É disritmia?
-
Talvez!
- Então
eu vou morrer?
-
Depende.
- E o
certo a ser feito, é o quê?
- Ainda
não sei.
- Que
diachos, deixe de auscultas! Me diga logo de uma vez, sem essa de dizer trinta
e três.
-
Acalme-se amigo e escuta. Você sente alguma coisa?
-
Talvez.
- Que
coisas sente?
- Não sei
exatamente.
- Que coisas queria sentir?
-
Depende.
- Acho
que seu caso é tratável. Vou te encaminhar.
- Pra
onde?
- Pra
recuperação.
-
Enfermaria?
- Você
não precisa ficar acamado, chega de repouso!
- E o meu
coração?
- O que
bate ou o de amar?
- Ora, o
que bate?
- Em
perfeito estado.
- Então,
o que tem de errado?
- O
coração de amar.
- Mas
este não pifou?
- Foi só
uma descarga emocional, estresse, decepção... Acontece com todo mundo, mas pode
ser remediado.
- Como
doutor?
-
Pratique exercício! Nada melhor para este coração do que exercitar sua função
de amar. E mesmo que ele apanhe, lembre-se, é ele quem faz seu outro coração
bater. Cuidado! Não deixe morrer seu coração de amar...
dri chaves
imagem salvesalveessanega.blogspot.com
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