Sem título

As primeiras badaladas da indecisão consomem essa carne repleta de vontades insanas, vontades essas que vorazmente manifesta um oculto sentido, a vontade de um amanhã! 

ELE sabe o que sente essa alma, sabe até onde o sangue lateja após o ferimento...

As armas de nada valem contra o inimigo que tentamos esconder dentro da carne, inimigo sem forma, ou da forma da dor, ser cor, ou da cor mais sombria, sem cheiro e sem gosto, ou do cheiro mais sufocante e o gosto mais amargo que meu ser.

Quero ir bem longe, o mais longe que as extremidades alcançáveis. Essa inata mania de fluir em sonhos me faz abraçar o mais abstrato dos sentimentos e o mais inimaginável desejo de conquistas.

Vou também, além de saborear o mar, sentar na velha cadeira de balanço e degustar o passado...

Lembranças puras e talvez sem lágrimas, recordando apenas poucos instantes de desilusões e plenitudes, serei apenas EU e meu farto prato no jantar mais sublime de toda a minha vida. Olhar o passado sem esquecer um só grão que alimentou esse corpo, sem deixar de lembrar um só abraço que aconchegou esse templo.

Nada mais poderá deter a carroça quando esse condutor que vos fala decidir abrir estradas e ali iniciar a mais bela das belas plantações de crisântemo, e a cada um que por ali passar, agraciar com uma lembrança suave de viver uma imensurável noite no calvário, mas com  a certeza que a fenda se findará ao amanhecer.

Ailton Barros