22/12/2010

Aos ratos, as migalhas.

Postado em 22.12.10  | No marcador  

Como todos sabem, a corrupção pode assumir os mais diferentes matizes, pode estar presente desde uma simples “troca de favores” até a dilapidação do patrimônio público.

Segundo o Wikipédia a palavra corrupção deriva do latim corruptus que, numa primeira acepção, significa quebrado em pedaços e numa segunda acepção, apodrecido, pútrido. Por conseguinte, o verbo corromper significa tornar pútrido, podre. Numa definição ampla, corrupção política significa o uso ilegal - por parte de governantes, funcionários públicos e agentes privados - do poder político e financeiro.

Não há setor público ou privado que consiga livrar-se por completo desse mal, dizem até que a “notícia” mais remota acerca da corrupção consta da bíblia sagrada, quando a serpente conseguiu convencer Eva a comer do fruto proibido sob a promessa de ser aquele fruto fonte de todo conhecimento.

Políticos e policiais talvez sejam as categorias mais afetadas pela pecha de corruptos, veja que o engano em relação a tal entendimento é latente. Não é difícil encontrarmos notícias de juízes, promotores, médicos (v.g SUS) e tantos outros servidores públicos envolvidos em atos de corrupção.

Em relação aos policiais, que é o tema deste articulado, acredito que a má conduta de alguns nada tenha a ver com a baixíssima remuneração que recebem, ainda que este fato colabore bastante.

Tempos atrás, conversando sobre a organização de uma festa que ocorrera em determinada delegacia de polícia, soube que “policiais” (aqui o termo é amplo, não especificando se investigadores, escrivães ou delegados) disputaram cordial e vergonhosamente a “retirada” de alimentos, em especial carnes, que foram doados para a realização da festa.

Ora, os alimentos e bebidas foram, como dito outrora, doados para todos e dessa forma pertenciam a todos servidores daquela delegacia.

A subtração destes, a meu ver, não tem nada de inocente e normal, pelo contrário, trata-se de conduta reprovável e repugnante, tendo em vista que mesmo em uma singela festa, feita para reunir amigos, familiares e servidores, ainda que despercebidamente (quero crer) colegas colocam em prática o mal que assola a humanidade, corrompem-se! Sim, isso é corrupção.

O engraçado é que, naquele dia, isso já faz algum tempo, um servidor que achou errado carregar para sua residência aqueles mantimentos outrora doados e se negou a fazer a retirada, fora motivo de galhofa. “Tu é muito é besta!” teria ouvido aquele que preferiu seguir os princípios basilares da moral.

O que teria levado aqueles policiais a tal prática? O desespero? A fome? A baixa remuneração? Sabemos que todos recebem muito pouco, que o trabalho é perigoso, penoso e que muitas vezes não temos o devido reconhecimento, mas nada disso pode servir de argumento.

Ver policiais (ou qualquer outro servidor) se corrompendo por dez ou um milhão de reais é vergonhoso e macula a imagem da instituição a que pertençam; Como diz um amigo “não há concessão à moral!”

Parafraseando Edmund Bruke diria que é preciso que os bons não se omitam, sob pena de triunfar o mal; Não se pode aceitar como normal a venda (sic) de atestado de conduta ou uma certidão de ocorrência, cobrar dinheiro para investigar um crime, dentre tantas outras coisas que, infelizmente, anda fazem parte do cotidiano de algumas delegacias e principalmente da “moral” de alguns policiais.

É preciso que o delegado seja exemplo, que compareça à delegacia nos dois expedientes que lhes é exigido, que chegue no horário correto, que faça os atendimentos que cheguem á sua delegacia, que não se omita ao presenciar atos de corrupção praticados pelos demais servidores e ou outros delegados.

É preciso “limpar” a imagem das policias e para isso precisamos de uma corregedoria forte e estruturada, que puna os que efetivamente estejam corrompidos.

Em um de seus discursos, o senador Pedro Simon disse apropriadamente que a corrupção é o grito de dor nas filas dos hospitais. É a escuridão do analfabetismo. É o desemprego, a fome e a miséria.

Como contraponto, combatê-la se torna imperativo para o estabelecimento de uma polícia respeitada e admirada por todos.

Por: Márcio Dominici - Delegado de Polícia

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